quarta-feira, 28 de maio de 2008

send a little love token, wrap it in my heart and go home...

Send a Little Love Token, The Duke Spirit

Como as pessoas são estranhas. E bobocas. Nossa, como são.
Estamos em pleno século XXI e as pessoas continuam com umas idéias tão antiquadas, tão atrasadas, com uns orgulhos bestas, umas manias tortas, umas estupidezes insuportáveis. Dá vontade de sei lá o que.

Gente que se recusa a fazer uma coisa só porque a idéia não foi sua. Que diz que quer conversar mas não diz nada. Gente que te ignora por nenhum motivo aparente, a ponto de até segurar a porta do elevador (só pra ninguém poder chamar a pessoa de mal educada) com a cara virada para a parede.
Me irrita.
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Em todo o caso, o dia está lindo lá fora. Cinza e lindo, porque eu acho dias cinzas lindos. Daqui a uma hora e quinze minutos, eu e a Fernanda estaremos apresentando nosso pôster sobre o Ernest Hemingway no Enelle, um evento lá da letras. Nervos.
Mas tudo bem. Afinal, o que poderia dar errado?

quarta-feira, 14 de maio de 2008

A previsão do tempo indica que mais um ciclone extra-tropical deverá se manifestar hoje à noite. Lá em casa.

Tédio.
Nada pra fazer. Não necessariamente nada, no sentido de coisa nenhuma. Mas nada que precise imprescindivelmente ser feito ou desperte vontade ou ânimo suficiente para que se pare de fazer nada e se passe a fazer alguma coisa, essa coisa.
O tédio muitas vezes nada tem a ver com a falta de coisas a se fazer; às vezes trata-se apenas da falta de ânimo para se fazer todas aquelas coisas que deveriam ser feitas. E o pior é que, nesse caso, o fato de coisas a fazer continuarem acumulando-se sem serem feitas causa angústia.

Tédio e angústia.
A falta de vontade de fazer aquelas coisas todas que angustiosamente acumulam-se sem serem feitas já que não há ânimo para fazê-las agrava-se, ainda, quando existem outros motivos que causem sentimentos negativos. Motivos que causem preocupação, decepção, dúvida. Essas coisas contribuem para o desânimo enormemente, transformando-o em tristeza.

Tédio, angústia e tristeza.
E doze minutos. São doze minutos a mais que eu preciso ficar aqui sentindo tédio, angústia e tristeza, sabendo que mais tarde, quando eu já tiver saído daqui e estiver em outro lugar, encontrarei pessoas e situações que me causarão raiva. Raiva essa que poderia ser chamada de indignação, indignação com pessoas que me subestimam ou superestimam (o que será pior?), com being taken for granted e não receber atenção, ajuda e seja mais o que for que eu queira por acharem que eu não preciso; por não poder ter preguiça, ser irresponsável e querer que tudo se foda, só porque normalmente eu não faço isso.

Tédio, angústia, tristeza e indignação.
É nesse quadro de humor favorável que eu chegarei à aula mais chata do universo, sem os textos lidos (aliás, sem os textos completamente), para ouvir reclamações, explicações antigas, etcéteras, e ficar morrendo de sono. De não conseguir manter o olho aberto.

Tédio, angústia, tristeza, indignação e sono.
E assim eu chegarei em casa. Entediada, angustiada, triste e indignada, cheia de coisas pra fazer que eu não tive saco de fazer mas que nem por isso deixam de precisarem ser feitas, cheia de decepções e chateações com pessoas que não estão nem aí com o que eu sinto e simplesmente exigem que eu esteja normal, decepcionada com coisas que estavam indo bem e de repente se perderam e com horas, muitas horas de sono atrasadas. E, bem, sejamos plausíveis. O fato de que às quartas-feiras eu não almoço devidamente deve acarretar que, a esta hora, eu também já esteja com fome.

Tédio, angústia, tristeza, indignação, sono e fome.
E boa sorte pras pessoas que precisarão me aturar quando eu chegar em casa.

sexta-feira, 2 de maio de 2008

water, water, water everywhere and every chance to sink.

Priceless, Incubus

Quando eu era pequena, sempre torcia para que faltasse luz. Eu curtia ficar à luz de velas, todos na sala ou no quarto, juntos, esperando a luz voltar, jogando conversa fora, brincando. Torcia para que continuasse sem luz até a janta, pra gente comer àquela meia-luz, sem nem enxergar direito o prato, aquele silêncio característico que só a falta de TVs produz. Torcia pra que continuasse sem luz até a hora de dormir, pra ir deitar com aquela sensação de coisa diferente acontecendo - desde que a luz voltasse no meio da noite, porque eu morria de medo de acordar no meio da noite e a vela ter acabado e eu não enxergar absolutamente nada...

Faltou luz hoje. Agora, como adulta que virei a contragosto, não vejo mais graça nas coisas. Fiquei com meus irmãozinhos em volta - o grande com medo e o pequeno curtindo - esperando que voltasse. Mas não voltou. Aí acendi uma vela e fui jantar na cozinha, sozinha, porque hoje, mesmo que falte luz, nem sempre todo mundo fica junto ao redor da mesma vela. Foi tão agradável, mesmo que nem tenha sido e só tenha parecido pelo fato de que o resto do dia de hoje, no geral, foi uma bosta. Peguei chuva e fiquei molhada o dia inteiro, briguei, chorei.

Hoje foi um daqueles dias de tudo ou nada, em que não se sabe mais o que se quer da vida - ou se sabe, até, mas não se sabe o que fazer pra conseguir. E agora, que já voltou a luz, já temos novamente todos os barulhos de modernidade poluindo a atmosfera. Eu contribuo com um pouco de Stone Temple Pilots, pra desanuviar meus pensamentos chuvosos.